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Tuesday, December 8, 2015

Lama, Fumaça e Irrespeitabilidade



(Foto: Jornal Rio Pardense)
Há poucas semanas, eu estava escrevendo um artigo sobre  Educação e Sustentabilidade, mas não terminei. Parei, em choque, por causa das notícias avassaladoras sobre a destruição de extensas reservas naturais em nosso país. O derramamento de rejeitos da mineradora Samarco no Rio Doce, e a queimada na Chapada Diamantina nos assustam pelos danos ambientais de proporções imensuráveis. Ambos acontecendo concomitantemente, e poluindo tudo o que alcançam: chão, água, céu… ar e mar! 

O pior de tudo isso é saber que por um tempo muito longo teremos que conviver com a Natureza assim… a “Natureza antinatural”: absurda, derrogatória, infame, insana.

(Foto: oecojornal.com.br)
Insana? Sim, insana como os seres humanos que por ganância absoluta e um egoísmo infindável pintaram de marrom sujo, gosmento e barrento as águas outroras cristalinas de um dos mais importantes rios do Sudeste. Tal insanidade lamacenta traçou uma linha  turva no mapa, que invadiu  povoados, estraçalhou casas e, sem que fosse impedida, chegou ao mar infinito, trocando sonhos por indignação e dor. Também insana é a Natureza  devorada pelo Fogo. Que a visão não se iluda. As espetaculares labaredas dançam enlouquecidas e cruéis por dentro da mata: e matam. Não há clemência, nem perdão, condenam imediatamente tudo o que encontram pela frente. 

Infame? Sim, a Natureza virou infame quando impuseram o mais amargo fel `a vida das pessoas dependentes do Rio chamado… Doce. A infâmia, sempre irônica, também substituiu o ar puro de bosques verdejantes por uma fumaça negra, implacável, reduzindo a pó o movimento da vida.

Derrogatória? Sim, tornou-se derrogatória a Natureza quando tiraram o oxigênio da água, e trouxeram `a sua tona milhares de peixes inertes flutuando na vergonha dos elevados níveis tóxicos dos refugos da irresponsabilidade. A mesma ofensa fez a Fumaça tirana, extraindo o ar do ar da Chapada Diamantina, e deixando a nu o seu corpo, distorcido.

Absurda? Absurda virou a Natureza por confiar demais no homem e permitir ser explorada, desvastada, ludibriada e, por conta dos constantes abusos da ganância e do poder, transformada em “antinatural”. A “natureza” que a usura produz se esgota em si mesma… vira outra coisa, um objeto para o prazer de seu algoz,  disponível aos desejos e vontades de seu grande vilão. E quem vem socorrer a Natureza desgastada, terrivelmente abusada, antes que se transforme no oposto de si mesma?

Muitos podem pensar… “mas é a primeira vez que rejeitos de mineradoras provocam um acidente ambiental no Brasil” ou que “queimadas destroem o Parque Nacional da Chapada Diamantina”. Não. Não é. Gostaria de que fosse a última, mas infelizmente, não é a primeira vez que a destruição do meio ambiente causa morte e constrangimento nesses lugares, em virtude da ação humana.
Veja-se que no ano passado, em setembro de 2014, a mineradora Herculano já havia causado um acidente grave, por causa do rompimento de barragens, soterrando 8 trabalhadores e matando 3 dentre eles. As queimadas no oeste baiano acontecem todos os anos, invariavelmente. E o ecossistema das Chapadas sofre lesões cada vez mais irreparáveis.
Infelizmente, os grandes jornais não dão a devida atenção aos crimes ambientais cometidos em nosso país. Apenas quando há acidentes de grandes proporções, e organizações nacionais e especialmente internacionais criticam, é que há a preocupação em noticiar, em buscar os responsáveis pelo dano, em demonstrar o interesse pela situação. O descaso com a preservação da natureza só aumenta a vergonha pela destruição descabida da vida humana, animal e vegetal.

Mas antes de reclamarmos a falta de notícias na grande mídia, vamos questionar por que ocorrem acidentes de forte impacto contra a Natureza. O motivo é, na verdade, o mesmo por que ocorrem os acidentes de menor impacto. A causa é única e tem um nome: irrespeitabilidade.

Ir-res-pei-ta-bi-li-da-de é a total falta de consideração e respeito para com o outro. A inalteridade. O “outro” não vale nada. Quer dizer, sim, vale como produto usufruído pelo “ser controlador”. Mas, não há negociação possível. O “ser controlador” é um devastador implacável, e ironicamente, é “descontrolado”.

A irrespeitabilidade é o produto da ambição sem limites, reforçada por um planejamento que tem como prioridade o benefício próprio, nunca o do outro. O outro pode morrer, aniquilar-se… pouco importa. O enriquecimento é exclusivamente pessoal, ou de poucos privilegiados,  não de interesse público.

Ora, a irrespeitabilidade se opõe frontalmente `a sustentabilidade
A sustentabilidade busca o equilíbrio entre sistemas sejam quais forem, busca o diálogo, a troca de informações, a dependência mútua.
A sustentabilidade busca incessantemente a harmonia entre Homem e Natureza. A irrespeitabilidade provoca uma competição entre essas partes, em que o primeiro pensa que vence… sem saber que é quem justamente mais perde.

A irrespeitabilidade, em última análise, prejudica esse “ser controlador” que é o maior responsável pelo surgimento da Natureza insana, infame, derrogatória e absurda. A “Natureza antinatural” é invenção do homem, que crê apenas em si. Ele se esquece que também faz parte da Natureza-mãe e que só pode realmente ser feliz quando esta se fortalece. 
Mas como ele pode entender isso? Se é por aula teórica… até agora não aprendeu. Comete em sua prática ações arrasadoras não apenas contra outros, mas contra si mesmo. Falta mesmo Educação e Sustentabilidade a esse homem “controlador” para que perceba que enquanto sua ganância incontrolável for o seu maior objetivo, ele estará aniquilando a si mesmo.
Ao final, acho que escrevi um artigo sobre meu tema original. Basta agora pensar de que forma educar monstros.

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