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Aqui, eu trago a você alguns temas correntes sobre VIDA, família, trabalho, estudo, dia-a-dia! O blog é predominantemente em português, mas comentários em inglês, francês, espanhol e italiano são bem-vindos.

Thursday, July 26, 2018

Futebol se joga na Alma!

Uma vez, o nosso querido e inesquecível poeta Carlos Drummond de Andrade se perguntou: "Futebol se joga no estádio?" Ao que ele respondeu: "Futebol se joga na praia, futebol se joga na rua, futebol se joga na alma". Na Alma! Como pode um único esporte unir tantas pessoas pelo mundo? Aí está a resposta... Porque o futebol se joga... na alma!

Como muitos sabem, também amo futebol, especialmente o futebol na Copa do Mundo.
Pouco mais de 4 anos atrás, antes do Copa do Mundo no Brasil, lancei um livro sobre o tema... e quanto mais eu observo o que se passa na globosfera do futebol, mais me apego ao esporte. Mas confesso, eu me encanto mais pelo lado "Alma" do que pelo lado técnico, comedido, cartesiano. A mim, sempre me interessou mais a poesia que o futebol produz do que a destreza exata do passe que propiciou o gol. É porque a linguagem do futebol é o que me faz apaixonar pelo jogo! Seja a linguagem visual, verbal ou kinestésica: como o futebol fala!

A bola dançando no ar, indo da cabeça aos apurados pés.... Que belo desenho a bola vai traçando, e o ritmo nos empolgando... É tanta gente cantando ao mesmo tempo, celebrando, pulando, e de repente, segurando a fala: o coração fazendo a vez da voz. O silêncio quebra o barulho, quando há aquele suspense... ... ... é uma falta marcada perto do gol... ....   um escanteio... oh! um pênalti! Até que a bola chega ao seu mais esperado destino: o fundo da rede, o fundo da alma e as vozes todas se misturam, empolgadas! Como é lindo acompanhar o esporte pela TV, pelo rádio afoito, até por escrito na internet... seguir com os amigos espalhados pelo mundo pelas redes sociais... por onde for... o mundo inteiro unido no ritmo da bola.

A Copa da Rússia de 2018 terminou, a França ganhou, a Croácia lindamente chegou ao segundo lugar! E muita gente ao mesmo tempo celebrando.

Celebrando o quê? O que se desprende do futebol, o que ele produz! Alguns celebram o orgulho de seu país, outros celebram a união que o futebol traz, as lindas jogadas,  o país anfitrião... enfim, há sempre algo a celebrar...
O que eu celebro nessa Copa de 2018?

Pessoalmente, celebro:

A síntese do que é o Brasil na Copa do mundo através de um quadro maravilhoso pintado por uma estudante de português. Esse quadro foi feito sob encomenda a um amigo da artista, e uma linda cópia impressa foi-me enviada antes do Brasil se despedir da Copa. Recebi-a pelo correio, de surpresa, antes do fatídico jogo contra a Bélgica. Que alegria ao ver ali, o que minha estudante aprendera na aula de português: vejam os detalhes, o mapa do Brasil atrás, a bandeira do Brasil, transfigurada: a parte central tornou-se uma bola de futebol, 5 estrelas "pentacampeãs" se sobressaindo. O olhar identifica um gesto típico do jogador brasileiro mais famoso do momento, e sua camiseta exibindo a imagem do Cristo redendor. A base da camisa nos revela o delinear das favelas do Rio... ao mesmo tempo, a base da Taça do Mundo.
Fiquei realmente emocionada quando recebi o lindo print de seu quadro. É o futebol ultrapassando o esporte e indo para a Arte! A Arte aqui totalmente embebida na Cultura do Brasil. Parabéns, Annie Free, que excelente artista você é.



 E por falar em Arte, celebro também um artista que não me conhece, mas cuja obra de arte une dois países tão diferentes, a Coréia e o Brasil. Grandpa Chan é um avô coreano que morou por 35 anos no Brasil. Tem netinhos na Coréia e nos Estados Unidos. Faz pouco tempo, voltou para a Coréia do Sul, onde agora mora sua filha. Ele se corresponde com seus netinhos (e com todos os seus milhares de seguidores no Instagram) por meio de desenhos que faz e submete online. Cada desenho tem uma história, contada em três línguas: inglês, coreano e português. Com outra colega universitária, professora de coreano, temos feito um estudo, observando como se dá essa interação intercultural através de seus desenhos e das histórias que conta. Para essa Copa, o vovô artista fez um desenho especial que explica a seus netinhos o que o futebol  representa para ele, e sua paixão por esse jogo.
Eis aqui:
 Ainda bem que a Coréia do Sul e o Brasil não se encontraram em campo.... para quem o Vovô Chan iria torcer? Que pergunta difícil a esse coreano de alma brasileira.
E aí está mais  uma vez o futebol inspirando, unindo e reunindo as pessoas, trazendo memórias `a tona, revelando identidades, contando histórias para a posteridade e escrevendo outras.

 Mas, ainda há mais para celebrar na Copa de 2018.

Celebro, muito especialmente, o time de futebol "Os Javalis Selvagens", composto de 12 meninos da Tailândia e seu técnico. Bem durante a Copa do Mundo, eles se perderam no fundo de uma sinistra caverna, ao norte de seu país. Que susto, o mundo todo ali unido, torcendo mais por eles do que por qualquer outro time em campo. O maior gol feito em época de  Copa do Mundo foi o resgate homérico desse querido time de futebol!! Celebro a vida de cada um desses rapazes. Que continuem fazendo muito gols, por sua atitude positiva em um momento tão difícil.


Celebro, com muito gosto, as novas amizades que fiz! Que alegria conhecer, por causa do futebol, pessoas pelo mundo que compartilham da energia positiva que esse esporte traz. Da querida África `a Turquia, da  Croácia ao Japão. Que alegria compartilhar com novos amigos, um pouco da vida que se desprende do futebol. Algumas dessas amizades serão duradouras por outras Copas do Mundo, com certeza.

Finalmente, celebro a minha família. Tendo uma família bi-cultural e bilíngue, acabamos todos por aprender que, no futebol, o que predomina é uma só linguagem: a da alegria e dinamismo, um grande contentamento... Não há espaço para a tristeza! As celebrações vão se expandindo a cada jogada, a cada interação em campo... e, depois do jogo, permitem que o jogo continue, na memória, nas vivências, no dia a dia....


E por que tanta celebração?
É porque, como bem se sabe, o Poeta tem sempre razão..  no fundo, o futebol não se joga no estádio, nem na praia e nem na rua... Futebol mesmo se joga na Alma!